22/07/14

Madalena - Pe. Lagrange


«[Maria Madalena] vê então Jesus, mas sem o reconhecer e mesmo sem o olhar, porque não sonha senão naquele querido corpo, que ela queria ungir com um unguento precioso e que estaria nas mãos de profanadores. Jesus diz-lhe: “Mulher, porque choras? A quem procuras?” Ela pensa que é o guarda do jardim, um guarda estrangeiro, talvez infiel, que devia estar ao corrente do sucedido, que deveria compreender a sua inquietação: “Se foste tu que o levaste, diz-me onde o puseste, e eu irei buscá-lo.” Ela tinha vindo sem se preocupar com a pedra! Não quer mais nada senão a ele, mas qué-lo. Então ouve uma voz que lhe fala ao coração e lhe abre os olhos e que lhe diz o nome familiar na língua materna: “Mariam!” Logo em seguida o grito: “Rabuni” – meu Mestre – e já Madalena se encontra aos pés de Jesus, chorando ainda, mas de alegria.
Encontra-se com gosto nesse lugar e quer permanecer ali, prolongando as efusões do seu amor. Mas este já não é o tempo das lágrimas da pecadora derramados sobre os pés do Salvador. Jesus pertence ao mundo do alto. Se ele ainda não subiu para o Pai, não tardará; e encarrega-a de advertir disso os seus discípulos. Este parece ser o sentido destas palavras. “Não me detenhas, pois ainda não subi pra o (meu) Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: subo par ao meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.”
Desde aquele momento Maria Madalena foi consagrada apóstola dos apóstolos. Ela obedece como fazem os que se separam da conversação com o seu Mestre para irem levar a boa nova: “Eu vi o Senhor!”»

– Pe. Frei Marie-Joseph LAGRANGE OP, L’Évangile de Jésus-Christ, Paris 1954, pp. 650-651 [tradução de Frei António-José de ALMEIDA OP, in Laicado Dominicano, ano XVII (1991), nº 206 (Julho), p. 2b.]

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